terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Uberlândia - Obras do aeroporto sob investigação

Correio de Uberlândia
As obras de reforma e ampliação do terminal de passageiros do Aeroporto de Uberlândia, inauguradas em agosto de 2005, pela Infraero, estão sob investigação da Polícia Federal por suspeita de superfaturamento. Em reportagem publicada pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, o aeroporto da cidade foi citado entre os dez investigados pela Operação Caixa Preta, da PF. O total de desvios pode chegar a R$ 1 bilhão.

De acordo com o “Diário Oficial da União” da época, as obras de reforma e ampliação do Aeroporto Tenente Coronel Aviador César Bombonato custaram, ao todo, R$ 9,3 milhões. A assessoria de comunicação da Polícia Federal de Brasília, responsável pelo inquérito, não informou quanto do investimento pode ter sido desviado em Uberlândia, pois o caso está sob segredo de Justiça.

A Operação Caixa Preta investiga o desvio de R$ 991,8 milhões em obras de dez aeroportos contratadas no primeiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2003 e 2006. Além do Aeroporto de Uberlândia, o relatório cita os de Corumbá, Congonhas, Guarulhos, Brasília, Goiânia, Cuiabá, Macapá, Vitória e Santos Dumont.

O relatório final da operação sustenta que o desvio é resultado de um esquema de fraudes em licitações arquitetado pela cúpula da estatal na administração Carlos Wilson, que presidiu a Infraero naquele período. Ex-deputado, ex-senador e ex-governador de Pernambuco (1990) Carlos Wilson foi filiado à antiga Arena, ao PMDB, ao PSDB e, por último, ao PT. Ele morreu em abril de 2009, aos 59 anos, vítima de câncer.

Os principais assessores de Wilson no comando da Infraero foram enquadrados pela PF: Josefina Valle de Oliveira Pinha, ex-advogada-geral do Senado que exerceu a função de superintendente jurídica da estatal; Adenahuer Figueira Nunes, ex-diretor financeiro, e Eleuza Lores, ex-diretora de engenharia - o indiciamento de Eleuza foi suspenso pelo Superior Tribunal de Justiça.

O dossiê da PF esmiúça em 188 páginas como operou "um seleto e ajustado grupo" de 18 empreiteiras. A Polícia Federal imputa seis crimes a 52 investigados, entre ex-dirigentes e funcionários da Infraero, empresários, projetistas e fiscais: formação de quadrilha, peculato (crime contra a administração pública), corrupção ativa e passiva, crimes contra a ordem econômica e fraude em licitações.


Equipes inspecionaram todos os terminais

O inquérito foi aberto em novembro de 2006 pela Superintendência Regional da PF em Brasília. Equipes multidisciplinares formadas por peritos criminais federais, engenheiros civis, mecânicos, elétricos, eletrônicos e cartográficos inspecionaram um a um os aeroportos. Interceptações telefônicas revelaram estreito contato entre ex-diretores da Infraero e funcionários de empreiteiras. A investigação foi conduzida pelos delegados César Leandro Hübner e Felipe Alcântara de Barros Leal. "A equipe policial identificou um enorme superfaturamento nos preços e quantidades dos serviços praticados pelas empresas contratadas em um montante aproximado de R$ 1 bilhão em valores atualizados", assinala o texto.

À página 26 do relatório, a PF estima que o valor superfaturado seria suficiente para construir 34.193 casas populares, "o que equivale a todas as moradias de uma cidade de 112.837 habitantes". O desvio corresponde ainda ao total necessário para a construção do Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, obra tida como fundamental para suportar o crescimento do setor aéreo e receber com conforto os turistas para a Copa de 2014.

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