Abaixo artigo publicado hoje (19 março) no Gazeta do Triângulo de Coluna semanal que me empenharei em fazer:
Depois de concluir o curso de Gestão Pública pela UNIPAC/Araguari tomei gosto e decidi ir mais adiante. Estou agora concluindo Especialização na área de Administração Pública pela UNINTER de Curitiba, pólo presencial Uberlândia. Destarte, em conversa com o Dr. Darli Amaral, Diretor do Grupo Araguari Comunicações, acordamos na colaboração de uma coluna semanal sobre o assunto, a princípio pautada pelo amigo diretor de redação e editor desta Gazeta, Márcio Marques.
“Gestão Pública comentada” abordará na teoria os mais variados temas que permeiam a Gestão Pública atual, com foco em dados técnicos e de embasamento político, porém informados numa linguagem que seja mais acessível do ponto de vista jornalístico.
Espero compartilhar algo de interesse aos gestores públicos, estudantes e leitores. Desde a Constituição de 1988 e da reforma administrativa de 1995, muita coisa mudou no âmbito da administração pública brasileira e o próprio cidadão ainda não se conscientizou da sua força no chamado controle social, na participação e acompanhamento da atuação dos nossos representantes e na execução das chamadas políticas públicas.
Políticas Públicas e Planejamento
As políticas públicas pensadas e planejadas por meio de projetos e ações nem sempre são concluídas conforme esboçadas. Da sua concepção até a conclusão podem surgir muitas nuances, causadas pela falta de preparo do gestor público, pela ausência de acompanhamento, de checagem eficiente ou pela corrupção.
Mas, voltando para não perder o foco: o que são mesmo as políticas públicas que citamos acima?
De um ponto de vista mais restrito, podemos dizer que políticas públicas são os
planos, os programas e as ações governamentais que, articulando recursos dos
governos e da sociedade civil organizada, destinam-se a intervir na realidade para
atender os problemas e demandas dos cidadãos.
Duas são as formas vistas de se encarar as políticas públicas. A primeira vista como o Estado fazendo. Entendida como uma relação fria entre Estado e sociedade. Essa concepção é mais apropriada para as técnicas tradicionais do planejamento e para as situações de poder centralizado, como o caso dos estados socialistas e das ditaduras, sobretudo na América Latina.
A Segunda política pública é vista como uma construção coletiva e são resultantes da interação entre atores coletivos e individuais (associações de classe, sindicatos, instituições governamentais e não-governamentais, empresas privadas, entre outros) que se relacionam estrategicamente para articular e fazer valer seus interesses. Concepção mais apropriada para ambientes democráticos e para as administrações de poder descentralizado.
Logicamente, existe uma relação direta entre as políticas públicas e a atividade de
Planejamento. Notório pois para implementar essas políticas, antes é preciso planejar como isso será feito. Nessa direção podemos definir o planejamento como a ponte, o elo de ligação entre a ação politicamente determinada e o conhecimento, facilitando e equacionando da melhor maneira a tomada de decisões na execução de determinada política pública.
Porém, o planejamento que antes parecia algo irreversível, dentro do tradicional, engessado como se diz por aí, atualmente já não é mais. A nova gestão pública já utiliza o chamado PES: Planejamento Estratégico Situacional. Um planejamento em constante reformulação, que não indica um final preestabelecido. O PES leva em conta que a realidade está sujeita a imprevistos. Isso acontece quase sempre, sobretudo em obras. E significa que é preciso replanejar a ação dependendo das circunstâncias e dos problemas enfrentados.
Ninguém aqui está inventando nada. Na prática quer dizer que o maior e principal elemento integrador das políticas públicas de uma esfera governamental é o Plano Plurianual – o PPA. Pouco valorizado na maioria das administrações, feito de qualquer jeito, em muitos lugares apenas “pró-forma” mas significa o cerne de tudo. A partir dele é que são definidas a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a LOA – Lei do Orçamento anual, ou seja: o orçamento propriamente dito. O Plano Plurianual tem duração de 04 anos e é constituído por um conjunto de programas. É formulado no primeiro ano de cada gestão, para entrar em vigor no segundo, e termina no final do primeiro ano da gestão subseqüente.
É por isso que ouvimos sempre falar que um prefeito ou governante trabalha o seu primeiro ano com o orçamento do anterior. É verdade, porque o PPA já fora definido pela CF de 88, no artigo 165, para não deixar a administração sofrer ruptura, dissolução na alternância de mandato. O empossado seqüenciará as ações no primeiro ano de mandato até que o novo PPA seja montado para iniciar no ano seguinte, retomando o ciclo orçamentário.
Até a próxima!
“Meu sonho é viver e morrer em um país em liberdade”
Juscelino Kubitschek de Oliveira
wilsonjprado@yahoo.com.br
Bastante claro o texto, acessível a todos.
ResponderExcluirTomara os políticos de Araguari o leiam, adotando alguns ensinamentos como padrão doravante. Melhor ainda: tomara que boa parte da população dele tome ciência e passe a exercer o controle (social) sobre formulação e a execução de políticas públicas.
Já estamos aguardando os próximos...
Gestão Pública comentada....Hummmm
ResponderExcluirRepresenta um esforço educacional sistemático para desenvolver competências especializadas de suporte na execução de um conjunto de ações que visem atender, de forma integrada, as demandas de gestão de um município. Quer dizer, ações que envolvam o uso de tecnologias, métodos e conhecimentos a partir de uma visão global e colaborativa dos diversos processos de um município, desde sua concepção até sua finalização.
BOA talvez quem sabe algum dia teremos menos discursos vazios.
E VIVA A DEMOCRACIA!!
Wilson,
ResponderExcluirparabéns e sucesso na empreitada.
Falando em Planejamento, que falta faz no município (há anos) uma secretaria de planejamento estruturada e com um gestor qualificado, dedicado exclusivamente a esta seara; ao invés do improdutivo costume de um mesmo secretário (ou procurador) "acumular" pastas, relegando o Planejamento ao esquecimento. As consequências sentimos todos na pele.
Quanto ao Controle Social, lembrado pelo Marcos, no caso da Saúde, curiosamente parece que o Conselho Municipal se encontra inerte, contrariando o disposto na Lei 8.142/90. E ninguém presta contas sobre este assunto.