sábado, 5 de setembro de 2009

Araguari quer e precisa mais de seus administradores

Araguari é uma cidade grande e está entre as 25 maiores do estado, tanto em população como economicamente. Tem uma localização privilegiada e que tem nos permitido receber grandes empreendimentos; possui um município de grande extensão e terras férteis, um povo laborioso e lutador.

Um exemplo bem claro são as empresas: Selecta, Bunge, ADM, que se instalaram ao longo deste entroncamento ferroviário, vieram para cá em função da facilidade que encontraram no embarque de seus produtos através da FCA até os portos, sobretudo em Vitória-ES. Os vagões são carregados com soja e farelo de soja para exportação dentro das próprias empresas.

Porém, infelizmente, a atual administração pública, e porque não dizer as demais, tem se revelado incapaz de fomentar o desenvolvimento do município, não conseguindo se organizar de forma positiva, deixando de oferecer as respostas que a população necessita. E assim trazendo dúvidas aos empresários que queiram investir no municipio.

Sendo um município de terras altamente produtivas, necessitamos de estradas boas para atender ao produtor. O que não temos visto acontecer. O município não consegue comprar uma máquina, as poucas que possui estão muito desgastadas e os operadores têm pouco estímulo para as atividades, sendo movidos pela boa vontade de alguns produtores que necessitam do benefício. As estradas são o mínimo, pois nem estamos questionando políticas de incentivo ao produtor.

Não podemos mais ficar mirando no passado e nos erros cometidos. Precisamos corrigir esses erros, evitando o círculo vicioso da inoperância administrativa, que tem sido altamente prejudicial aos destinos da cidade. Se o governo anterior errou, vamos fazer certo. Se deixou de fazer determinada obra, vamos realizar. É assim que se progride.

Araguari não pode mais ser tratada como cidade pequena e de pequenez política. Os administradores e por sinal muito bem pagos, precisam corresponder aos anseios depositados nas urnas. Se os votos tivessem sido comprados, com certeza estariam descompromissados com o eleitor. Mas sabemos que isso não ocorreu e segundo o próprio Juiz Fabiano Afonso, em despacho recente, as eleições foram limpas e legítimas.

Assim, o que esperar mais. Arregaçar as mangas e ir ao trabalho. A primeira grande medida é organizar financeiramente a casa e planejar com os pés no chão. Depois pensar no que pode ser feito nos próximos anos, elaborando o PPA, ou o Plano Plurianual. A partir daí traçar as linhas gerais para o ano de 2010 na Lei de Diretrizes Orçamentárias e em seguida elaborar a Lei do Orçamento Anual, ou seja aquilo que será feito em cada secretaria, mensurando as receitas e despesas. Isto é o básico, mas até agora não vi ninguém falar sobre isso na Prefeitura e nem na Câmara. Alguém pode até dizer que isso é bobagem, mas esquece que o círculo orçamentário é amarrado (uma seqüência) e nada pode ser realizado fora do orçamento, qualquer gestor público sabe disso, pois o /Tribunal de Contas acompanha.


O segundo passo do governo é não criar expectativas falsas na população. Parar de anunciar e inexeqüível. Ser sincero com o povo é muito melhor, Sendo mais explícito: anunciar uma mudança de Aeroporto sendo uma coisa simples como tomar um café. Perder foco e energia em asfalto e ponte para Anhanguera, quando na realidade não se concretizou a promessa esperada de uma ligação de APENAS 3 km para o Distrito natal do Prefeito. Vangloriar-se de iluminação de um pequeno trecho de avenida, cuja luz acaba mostrando uma realidade mais dura: o asfalto todo danificado. Parar de ficar anunciando mudança de mão de rua três ou quatro vezes, sem acontecer, se na porta do Palácio tem duas ruas com mão dupla e que não comportam. E que o projeto de municipalização não sai do papel. É preciso deixar de se vangloriar de uma grande obra do governo do estado e fazer um pedacinho de asfalto que o morador está reclamando.

Outro passo importante é valorizar e investir no servidor público, que, apesar de tudo, sãos as pessoas que irão conviver os 4 anos com o governo, com raras exceções. Não adianta querer pisá-los e crucificá-los. O governo vai passar e eles continuarão lá, com raras exceções.

Como cidade grande os problemas de Araguari também se agigantam. Estão por todos os lados e é preciso que sejam enfrentados com determinação, buscando soluções, exigindo coragem, competência e trabalho de equipe. Vias esburacadas, trânsito desordenado, saúde na UTI, com muitos problemas, praças abandonadas, criminalidade crescente, dentre outros.

7 comentários:

  1. UBERLÂNDIA-MG, 5 de setembro de 2009.

    Prezado Wilson,

    Há tempos não leio uma Crônica tão bem sintonizada e sincronizada com nossos problemas crônicos...

    É maravilhoso quando podemos testemunhar aqui, ou alí, cidadãos expondo opinões, ideias, pensamentos sobre nosso cotidiano.

    Deixo aqui um incentivo à escrita, a continuidade de seu trabalho.

    Um dia, se DEUS quiser, não falaremos mais ao vento.

    Atenciosamente,
    Janis Peters Grants.

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  2. Pertinentes os comentários sobre a atual situação da nossa cidade. Embora discordando de alguns pontos de vista do autor, não posso negar que é preciso fazer algo para melhorar a cidade, não a condenando, como alguns fazem, ao atraso.
    Vou pinçar alguns pontos do texto e ousar sobre eles "pitacar".
    Primeiro, foi muito bem questionada a falta de planejamento. As leis orçamentárias servem, entre outros fins, para isto: planejar, demonstrar uma continuidade das ações políticas e administrativas. Isso simplesmente não existe em Araguari. Outras finalidades das leis orçamentárias são também ignoradas pelos nossos gestores e políticos, a exemplo do controle da gestão pública. Como é possível conviver com uma Administração que não consegue sequer fixar despesas e estimar receitas?
    Segundo, um ponto não abordado pelo blogueiro: falta transparência à gestão pública. Critica-se muito o Senado, mas se esquece que no nosso quintal, em Araguari, proliferam atos secretos, usados, por exemplo, para entulhar a Administração Pública de comissionados, que incham a folha, engordam os próprios bolsos, mas não produzem nada. A falta de transparência é tanta que, em Araguari, os atos de nomeação e exoneração de servidores são afixados no mural da Prefeitura, como se a cidade ainda tivesse uma população de mil habitantes.
    Terceiro, mais um ponto de concordância com o blogueiro: falta valorizar o servidor público. Não somente valorizá-lo, mas selecioná-lo melhor, capacitá-lo, remunerá-lo decentemente. Para se ter uma idéia do quanto a situação é absurda, em Araguari, desrespeita-se a Constituição em diversos pontos da gestão pública na áreal de pessoal: i) não se tem um regime jurídico único dos servidores, como manda a Carta da República; ii) não se realizam concursos públicos, abusando-se da contratação de comissionados e temporários e da terceirização de atividades-fins do município.
    Por fim, quanto aos problemas mais graves arrolados pelo blogueiro, tem-se uma triste constatação. Dentre eles, é a saúde o pior problema da cidade. Em Araguari, quem não for amigo do rei (entenda-se: quem não for apadrinhado por algum político) morrerá à mingua, sem um atendimento médico decente. Pratica-se a política do "quanto pior, melhor", como muito bem sintetizou o jornalista Carlos Machado. Assim, quem não tem condições de pagar por um procedimento médico (dos mais singelos aos mais complexos) corre o risco de ir ao famoso Pronto Socorro Municipal e voltar pior do que lá chegou. É que, além da doença, os cidadãos voltam para casa enganados ou simplesmente resignados. Não se tem dinheiro (ou vontade?) sequer para se realizar um exame de sangue ou um raio-x.
    É isso! Chega de assistirmos, bovinamente, a uma sucessão de maus gestores da coisa pública, que gastam muito, se enriquecem às nossas custas, mas não nos devolvem nada em troca dos tributos que vertemos ao Município.

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  3. Valeu Marcos e Janis pelas palavras. Precisamos mesmo acordar para a realidade, porque já perdemos muito espaço.

    Wilson

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  4. O tal "jornalista" seria o dublê de radialista e (há anos) assessor parlamentar na câmara municipal??

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  5. Edilvo, é exatamente ele.
    Veja bem, acho muito estranho que um radialista seja, também, assessor de vereador. A situação fica mais grave quando o tal vereador é, também, diretor da rádio, ou seja, é patrão duas vezes do dito cujo. Aliás, eu ficaria muito feliz em saber como são pagos os salários dos assessores e dos radialistas-assessores. Até solicitei parte dessas informações à Câmara, mas tenho certeza de que não serei atendido...
    Bem, o fato de não concordar com essa postura não quer dizer que tudo que o radialista/assessor diga seja tendencioso ou mentiroso. No ponto, concordo com ele, pois acho que a situação da saúde pública em Araguari é simplesmente indecente. A impressão que tenho é a de que as pessoas são colocadas, inconscientemente, na fila da morte por meio da embromoterapia. O paciente vai no Pronto Socorro e, quando é atendido, ganha um remedinho pra poder voltar pra casa como se tudo estivesse bem.
    Acredito que o Edilvo, como gestor da área de saúde, tem perfeitas condições de nos dizer se o que o radialista/assessor disse e o que eu venho dizendo não corresponde a realidade desse serviço público essencial.

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  6. Prezado Marcos.
    O problema da saúde pública, aqui e acolá, resvala, dentre outros aspectos, na excessiva dependência dos serviços privados, pela falta de investimentos em serviços públicos, desde décadas atrás. Em 2006, sofri violento ataque dos laboratórios privados da cidade, por conta de processo licitatório que tentaram (a todo custo) impedir. Nenhum vereador (repito, nenhum) se interessou em conhecer o assunto. Procurei espontaneamente a Câmara para prestar esclarecimentos; no dia 12.09.2006, falei por 2 horas ante "suas excelências" que inclusive tiveram o displante de convidar para a mesa diretora, durante meu pronunciamento, a presidente da entidade privada (associação dos laboratórios) que me atacava sem fundamento; como fosse o gestor do SUS réu em procedimento inquisitório. Após minha fala, nenhum documento (das dezenas que levei comigo) foi requisitado, embora eu tivesse informado de sua (óbvia) disponibilidade. Há informações de que hoje os laboratórios voltaram a prestar serviços SEM LICITAÇÃO.
    No tocante à assistência direta aos pacientes, o médico é soberano em seu diagnóstico e em suas decisões. Compete exclusivamente a ele, médico, a decisão sobre o encaminhamento terapêutico. Entretanto, há toda uma gama de procedimentos que são atendidos, inclusive em alta complexidade, inobstante a lacuna existente entre a demanda e a capacidade de atendimento. Esses dados estão disponíveis a todos os cidadãos no setor de Controle e Avaliação da Secretaria de Saúde. Creio que não haveria dificuldades para qualquer vereador obter tais informações.
    A questão merece mais espaço e tempo, que devemos poupar ao leitor aqui no blog, mas que tenho disponibilidade para discutir em outro forum, de forma democrática e harmoniosa.
    Só me causa espécie esse tipo de radialista/assessor somente "meter o pau" quando os caprichos do patrão não são atendidos. Quando assumi a gestão da saúde, em 2005, agi fortemente contra o mercado persa então instalado nos corredores da secretaria, onde assessores parlamentares (inclusive o dito cujo) ditavam normas e furavam filas "encaixando" eleitores em detrimento dos demais (uma forma pouco sutil de compra antecipada de votos). Indignado, o cidadão me procurou afirmando que "Se o gabinete do vereador não tiver PRIVILÉGIOS na saúde, não há motivos pra fazer parte da base do governo". Esclareci que eu não era prefeito e sim secretário de saúde e que não tinha base na câmara; portanto, que tal assunto fosse discutido com o prefeito; mas que em minha gestão não admitiria privilégios, por contrariar os princípios do SUS.
    A partir daquele dia, me tornei alvo diário de críticas (pessoais) na rádio do patrão que, diga-se de passagem, durante os 39 meses de minha gestão, jamais compareceu a uma sequer reunião do Conselho Municipal de Saúde, a exemplo de seus outros 10 pares. Também não fui, durante minha gestão, a menina dos olhos do governo, justamente por minhas posições - digamos - pouco simpáticas aos "parceiros".
    Nada tenho contra (nem a favor) este cidadão. Entretanto, refuto críticas ao SUS, desprovidas de conhecimento da estrutura do sistema e fundadas em mero interesse político-eleitoral de quem suga o erário e nada oferece em contrapartida, senão propostas mirabolantes e inexequíveis, quando não inconstitucionais.
    A você, Marcos, meu fraterno abraço e respeitosa manifestação.

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