terça-feira, 16 de setembro de 2008

Editorial do JORNAL Contudo 16.09

PODER DE ESCOLHA


Alguém já disse que nós somos o resultado do que pensamos e do que comemos. É claro, falando de um modo geral. Mas, as coisas não são tão simples assim. Há que levar em conta, além dos fatores hereditários, os relacionamentos e as vivências de cada qual, na formação de cada pessoa. Fatores como a vida em família, em sociedade, na escola e no trabalho, e até fatores ambientais e climáticos, influem na composição e na moldagem de cada ser humano. Somos, portanto, diferentes uns dos outros. Ainda que existam pessoas bem parecidas. Somos únicos.
Partindo desses pressupostos, é forçoso concluir que cada pessoa pensa diferente. Cada pessoa tem sua própria verdade. Mas, se por um lado, temos a nossa própria visão e compreensão das coisas, por outro lado, isto não significa dizer que cada um tem a sua verdade. No sentido da verdade única. Da verdade verdadeira. O que cada pessoa tem, na realidade, é sua verdade aparente. E a verdade aparente, esta sim, pode variar de pessoa a pessoa.
Seguindo por esta linha de raciocínio, podemos afirmar que o conhecimento, tal como a verdade, estaria dividido entre as pessoas. Sendo que, não necessariamente, o conhecimento verdadeiro, mas o conhecimento aparentemente verdadeiro. Pois o conhecimento único, como a própria verdade, não possui incertezas.
Por isso, nenhuma verdade aparente se sustenta diante de fatos e argumentos verdadeiros. E muita gente tem-se equivocado. O caso de usuários de maconha, e de outras drogas consideradas ilícitas ou não, mas que exercem influência direta na mente e no modo de pensar e agir das pessoas, é bom exemplo. Geralmente, estas pessoas procuram “justificar” o injustificável “. Ora apelando para a quantidade, dizem que se drogam, mas com moderação. Que tem consciência do que fazem. Ora, indo mais além. E há pessoas que insistem em dizer que são livres, e que ninguém tem o direito de intervir em sua liberdade. Será? Senão vejamos:
A liberdade não se confunde com a possibilidade de fazer tudo aquilo que nos apetece. Comer de tudo, por exemplo, pode nos tirar a liberdade. E deixar-nos em casa, presos no banheiro, com uma bruta indigestão. A liberdade flui do espírito, da alma, como propriedade ou característica da vontade: A liberdade implica o poder de a pessoa ser plenamente ela mesma; a possibilidade de chegar plenamente o seu potencial humano.
O homem, a rigor, não nasce livre, porém nasce com o poder de sê-lo, de tornar-se dono de suas ações. O homem nasce com o poder de se fazer homem. Diferente dos animais. Um cão transforma-se, naturalmente, num cão. Uma criança, no entanto, não necessariamente se converte num homem. Um homem no sentido de que atingiu ou está no caminho de atingir seu desenvolvimento físico, espiritual e moral. Não se chega a ser homem pelo simples fato de se ter atingido os vinte ou os quarenta anos. Só as potências físicas do homem se desenvolvem automaticamente. Mas as de ordem espirituais e morais precisam de atuação da vontade. E dependem do modo de agir e de pensar. Podem assim, serem desenvolvidas tanto para o bem, como para o mal.
O homem é livre e responsável porque pode escolher. É preciso lembrar, no entanto, que, queiramos ou não, estamos sempre num processo de mudanças. E neste processo, à medida que vivenciamos as “verdades”, acontecem as variações em nossa personalidade. Fruto, aliás, de nossas decisões livres. Quando dizemos sim, no lugar de não, ou não, no lugar de sim, estamos fazendo escolhas, e moldando nossa personalidade. Saber o que escolher, portanto, e quais as implicações da escolha, é a chave para a melhor opção, a consciência do caminho correto.
O caminho onde as certezas trafegam com maior transparência. Onde não há curvas, atalhos perigosos e nem desvios enganosos.

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