Para o mundo uma nova face se descortina. A manifestação popular na posse de Barack Obama é surpreendente. O povo americano, até então, considerado frio, sobretudo na política, mostrou algo diferente. A manifestação de apoio, misturada à curiosidade, o carinho e até ao oba-oba do momento Obama, tem algo diferente que ainda não consegui decifrar.
A sobrecarga de esperança depositada no presidente negro é algo incomum e parece não ser apenas em função dos momentos de crise em que passam os Estados Unidos.
A multidão nas ruas e praças desde as primeiras horas de uma das madrugadas mais frias, com até 14 graus negativos, é mesmo algo de nos emocionar na outra ponta do Continente. Vi toda esta movimentação pelo Jornal Nacional e pela internet e o ‘fenônemo Obama’ mexe com negros, brancos, amarelos, ricos, pobres, americanos e imigrantes e até com a gente, pois emociona ver tanta gente nas ruas e praças de Washington.
Parece não haver uma explicação para tanta euforia. Mais de dois milhões de pessoas aguardando o discurso do novo presidente tem algo de mais profundo. O apoio popular conquistado pelo novo presidente se apresenta como algo imensurável.
O carisma de Obama contaminou o coração duro e o cérebro calculista da nação azul e vermelha. A política tida como elemento de terceiro plano, de repente se volta para o centro e mostra-se acesa. A eleição mexeu com o país, levando a uma ampla presença nas urnas e agora retornam para consagrar o novo líder. Nos palanques até os adversários na eleição presidencial, num misto de democracia e união em prol de um país melhor.
O mundo assiste todo esse apoio um pouco atônito, pois nunca se viu nada igual. Num comparativo distante, nem mesmo o nosso Lula chegara perto, no auge de seu ingresso ao poder, em 2002.
A vontade dos americanos em consagrar o novo líder se mostra evidente nos mais diferentes tipos de manifestação. E uma delas é bandeira dos EUA, quase sempre ali, grudada entre os dedos ou junto ao peito, denotando forte patriotismo. Seja em miniatura ou em tamanho maior, o símbolo maior do país tremula por todos os cantos e recantos, numa demonstração de amor e devoção à pátria. Lições fortes de democracia, patriotismo, lealdade, determinação e confiança nos passam os americanos neste momento mágico da história.
Quem de nós enfrentaria um frio de 14 graus negativos para ver a posse de um presidente? Poucos, creio, porque somos muito acomodados, quase nada patriotas e não valorizamos a democracia como deveríamos. Talvez, só vemos o valor da liberdade quando a perdemos.
Criou-se um novo mito, marcado pelo excesso de confiança. Que toda essa manifestação seja retribuída pelo sr. Obama.
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