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A tarifa de energia da Cemig deverá ser reajustada entre 7% e 10% em abril, por causa da disparada do dólar frente ao real iniciada em setembro. A informação foi obtida pelo Estado de Minas com fontes da empresa. Como a estatal mineira, outras 29 distribuidoras de energia sentirão o impacto da valorização da moeda americana no ano que vem. Todas têm em comum o fato de serem obrigadas por lei a comprar energia de Itaipu, cotada em dólar. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Cemig é responsável pela aquisição de 13,58% de toda a energia gerada pela hidrelétrica binacional – instalada em Foz do Iguaçu, na fronteira entre Brasil e Paraguai –, atrás da Eletropaulo, com 15,98%.
Na revisão tarifária realizada pela estatal de energia em abril de 2008, que reduziu em 17% as contas dos consumidores residenciais, os gastos da Cemig com a energia de Itaipu foram de R$ 757 milhões, o que representa 33% dos R$ 2,32 bilhões despendidos pela empresa com a compra do insumo, informa a Aneel. Segundo a agência, a diferença entre o valor médio do dólar no mês anterior ao reajuste e a cotação até abril, que vem sendo paga pelas distribuidoras, será repassada ao consumidor no ano que vem. No caso da Cemig, segundo as fontes consultadas pela reportagem, a estimativa é de aumento de gastos de 30% por causa da moeda americana, o que se traduzirá num reajuste aproximado de 10%.
Os gastos com a hidrelétrica binacional fazem parte dos custos não-gerenciáveis por 30 distribuidoras de energia no país, anualmente repassados aos consumidores. O reajuste do ano que vem também leva em conta a inflação. Apesar de a maior parte dos contratos das concessionárias ser indexada ao Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), como é o caso da Cemig, na prática, os reajustes que chegam à fatura do consumidor são menores do que o índice – que acumula alta de 12,23% nos últimos 12 meses – porque outros fatores pesam em sua composição , explica a assessoria de imprensa da Aneel.
Muita água ainda vai rolar até fevereiro do ano que vem, quando a Cemig deverá entregar sua planilha de custos à Aneel com o pedido de reajuste, mas uma coisa já é esperada pelos agentes do setor: a volatilidade do câmbio vai continuar e a crise ainda não estará resolvida. “Para os consumidores de baixa tensão (residenciais), a tendência é de que o preço da energia aumente no ano que vem, porque, além dos custos com Itaipu, a inflação deverá crescer”, afirma Paulo Ludmen, professor da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap), em São Paulo. Por outro lado, no caso do mercado livre, voltado a consumidores em alta tensão, a tendência é de queda nos preços por causa da retração da demanda, fruto da crise financeira mundial.
Até o fechamento desta edição, a Cemig não se pronunciou sobre o percentual de reajuste da conta de luz. Na semana passada, durante divulgação dos resultados da empresa no terceiro trimestre de 2008, o diretor de Finanças e Participações da Cemig, Luiz Fernando Rolla, havia admitido que a diferença entre a cotação do dólar no pré e no pós-crise, e seu impacto sobre as despesas, que por enquanto está sendo bancada pela companhia, será repassada aos consumidores no reajuste de 2009. Por causa de Itaipu, o comportamento da moeda americana sempre será um fator importante nos reajustes tarifários da estatal mineira de energia.
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