domingo, 23 de novembro de 2008

Professores se afastam por estresse

Jornal Correio
Neste ano, o Setor de Medicina do Trabalho da Prefeitura de Uberlândia recebeu 4.982 atestados de professores efetivos, que somaram 14.800 dias de afastamento. A somatória do tempo em que os profissionais estiveram afastados da sala de aula corresponde a 40 anos. São 2.817 professores efetivos na rede municipal.

O sistema informatizado da Secretaria de Administração, no entanto, não registra quantas pessoas pediram licença e por quanto tempo houve o afastamento de cada uma delas. As principais causas foram doenças ósseas e musculares, do aparelho respiratório e transtornos mentais e comportamentais. Entre os 974 professores contratados foram registrados 53 pedidos de licença concedidos.

“É uma quantidade alta. Mas há situações de licença gestação que estão inseridas neste número de afastamentos. Mesmo assim é um dado alto e preocupante. As secretarias de Saúde, Administração e Educação têm feito ações para melhorar as condições de trabalho e preservar a saúde do trabalhador”, afirmou o assessor de Desenvolvimento Humano da Secretaria de Educação, Mauro de Freitas.

Entre as ações, ele destacou um estudo que está sendo desenvolvido para detectar as causas mais comuns dos afastamentos. “Esse diagnóstico vai apontar quais são relacionados ao trabalho para sabermos quais as intervenções que poderemos fazer para diminuir esses afastamentos”, afirmou Freitas.

Apesar de ainda não haver uma estatística sobre as principais causas dos afastamentos, profissionais da área atribuem o número de licença, principalmente às dificuldades enfrentadas em sala de aula. “Antes o professor dava aula e o aluno ia para aprender. Hoje, a partir da segunda série, terceira série, a maioria não tem o comportamento dócil. Eles não são obedientes, respondem os professores, falam ao mesmo tempo, fazem algazarra. Isso provoca um esgotamento nos professores”, afirmou o presidente do Sindicato dos Professores Municipais de Uberlândia (Sin-PMU), Vanderlan Pires.

O médico do Trabalho Aroldo Costa Lopes considera normal o número de afastamentos na rede municipal de ensino. “Além de ganhar mal, muitos têm dois ou três empregos, a profissão é desvalorizada e a assistência para quem tem problemas de saúde é quase nenhuma”.

113 servidores afastados

Nas 69 escolas estaduais uberlandenses, 113 servidores da educação estão afastados do trabalho, por problemas de saúde ou gestação. São cerca de 5.500 funcionários na rede estadual de ensino em Uberlândia. Para a superintendente regional de ensino, Joyce de Fátima Magnini, a quantidade de afastados é pequena se comparada ao número de profissionais. “Não chega a 1%. Diminuiu em relação aos anos anteriores. Hoje, o pagamento do adicional de produtividade depende do não afastamento”. A meta começou a ser usada em 2008 tendo como referência o ano passado.

O coordenador regional do Sindicato Único dos Trabalhadores da Educação de Minas Gerais (Sind-UTE), Neivaldo Lima, afirma que a meta de produtividade relacionada à assiduidade força professores doentes a trabalharem. “Além do adicional por produtividade, o professor que fica afastado perde o pó de giz, que são 20%, e os qüinqüênios, que são mais 10% do salário. Isso pesa, principalmente, quando a pessoa está doente”, afirma.

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