Jornal Correio de Uberlândia
Faltam motoristas especializados em Uberlândia. A constatação é do Sistema Nacional de Empregos (Sine) em um levantamento feito em parceria com entidades ligadas ao setor de transporte. A pesquisa apontou que a demanda das empresas no Triângulo Mineiro é de 760 profissionais, dos quais 250 só em Uberlândia. Os principais obstáculos para admissão de trabalhadores são a falta da carteira de habilitação categoria E — que permite dirigir carretas e bitrens — e de capacitação para operar os equipamentos eletrônicos dos caminhões.
Para não deixar os veículos parados nos pátios e reduzir o faturamento, as transportadoras e os atacadistas investem em treinamentos de capacitação e reciclagem. O investimento é alto, afirmam os empresários, mas minimiza a rotatividade no setor. A diretora regional do Sine em Uberlândia, Daisy Afonso de Castro Naves, disse que existe uma dificuldade em preencher as vagas de motoristas porque os que estão no mercado há muitos anos não deixam seus empregos. “Os que estão desempregados não têm experiência ao volante ou não possuem qualificação para lidar com a tecnologia utilizada nos veículos”, afirmou.
Ontem, estavam disponíveis no Sine 59 vagas para motoristas, ofertadas, principalmente, por transportadoras que estão preocupadas em atender as vendas de Natal. O piso salarial da categoria é de R$ 882, mas a maioria chega a receber por mês entre R$ 1,5 mil e R$ 2 mil, por causa das comissões de frete, diárias e outros benefícios. “Neste mês, as empresas começam a abastecer o varejo para as festas de fim de ano. A procura por motoristas aumenta”, disse Daisy Afonso.
O proprietário de uma transportadora em Uberlândia Nilo Gonçalves Campos disse que o processo de admissão é complexo, porque os caminhões requerem mais conhecimento do profissional. Em sua empresa, que está há 18 anos no mercado e possui uma frota de 75 veículos, também são exigidos, no mínimo, cinco anos de experiência e observado o perfil do motorista. “Contratamos aqueles que oferecem um risco menor. Os que já passaram por roubo de carga, acidentes e possuem dívidas pessoais altas não são admitidos”, disse o empresário.
A empresa está com três caminhões parados no pátio por falta de profissionais. Nilo Campos disse que a situação no início do ano era mais crítica, mas que agora está estável. Antes de ser contratado pela transportadora, o motorista passa por entrevista com psicólogo e é acompanhado por outro motorista durante um mês. Os cursos de qualificação e reciclagem acontecem duas vezes ao ano. “O investimento é equivalente a seis salários de um motorista, cerca de R$ 8,4 mil para cada treinamento”, disse.
Os caminhões eletrônicos começaram a ser fabricados a partir de 2001. A diferença de custos entre um modelo com tecnologia de ponta e o mais simples é de cerca de R$ 5 mil. O consultor de vendas de uma revendedora de caminhões Carlos Félix do Valle disse que o custo-benefício do veículo eletrônico é maior, porque a tecnologia permite o gerenciamento da operação por parte do motorista e o controle absoluto do caminhão. “Pelo sistema é possível se antecipar e evitar panes, reduzindo custos”, afirmou.
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