Estado de Minas
A Polícia Civil de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, instaurou inquérito para investigar excessos cometidos por alunos veteranos da Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e do Mucuri (UFVJM) durante trote com calouros da instituição na cidade. Onze estudantes foram encaminhados para atendimento médico com queimaduras de primeiro e segundo graus, provocadas por substância química. O Conselho Universitário também criou comissão de inquérito para, dentro de 30 dias, “apurar as responsabilidades pelos atos de agressão física e moral” aos calouros.
O delegado regional de Diamantina, José Walter da Mota Matos, disse que, segundo depoimento de vítimas, os veteranos usaram durante o trote produtos químicos como ácido muriático e creolina com limão, além de terem obrigado calouros a ingerir bebida alcoólica durante as agressões, que ocorreram no Centro Histórico de Diamantina, no dia 4. “Algumas vítimas ficaram tão indignadas que retornaram para suas cidades e ainda não voltaram para iniciar os estudos. Isso prejudica a investigação, pois precisamos ouvi-las”, afirmou o delegado.
Ele revelou que, até agora, foi apontado como autor apenas um aluno do segundo período de zootecnia, mas foi levantado apenas o apelido do veterano. A polícia pretende identificar outros autores, que deverão ser indiciados pelo crime de lesão corporal, que pode resultar em pena de seis meses a um ano de detenção.
O trote, que começou em frente à sede da universidade, na Rua da Glória, e depois se estendeu pela Rua da Quitanda, no Centro Histórico, envolveu boa parte dos novos alunos da UFVJM, que conta com 13 cursos em Diamantina. Resolução do Conselho Universitário de junho proíbe trotes nas instalações da universidade.
O delegado José Walter da Mota Matos disse que não tem informação se o número de vítimas foi superior ao dos 11 alunos atendidos no posto médico, que registraram ocorrência. A reitoria da universidade informou que ainda vai apurar o número de envolvidos, bem como os cursos em que eles estão matriculados.
Das 11 vítimas que sofreram queimaduras e receberam atendimento médico, oito são mulheres. Uma delas é Bárbara Nayara de Azevedo, de 18 anos, aprovada em fisioterapia. Ela conta que, durante a calourada, os veteranos jogaram substâncias misturadas com tinta em seu corpo. “Quando cheguei em casa, comecei a sentir dor e ardência na pele, que ficou avermelhada. Depois, o médico verificou que tive queimaduras de primeiro e segundo graus”, relata Bárbara, atingida nas costas e nos braços. O pai da universitária, o servidor público Lauro de Azevedo, lamenta o que ocorreu. “Foi uma ducha de água fria para minha filha, que estava muito animada com a faculdade. Foi muito frustrante para ela.”
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