JM ONLINE
Por Hedi Lamar Marques
Brincadeira com locomotiva terminou em morte ontem de manhã nas proximidades do bairro Valim de Melo. O estudante Eduardo Muniz da Silva, de apenas oito anos de idade, foi atropelado por um trem da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA).
A vítima, que morava na rua Cianorte, 515, passava o dia na residência de uma tia, situada na rua Dom Almir Marques, bem próximo ao local do acidente. Eduardo se encontrava na companhia de um primo de 12 anos. A princípio, o garoto mais velho forneceu informações contraditórias, chegando a afirmar que a criança teria sido jogada. Depois, em conversa com uma conselheira tutelar, ele acabou contando a verdade.
Segundo o menor, Eduardo tentou pegar carona no trem, a chamada "beirinha", entre os quilômetros 470 e 471 da linha. Tudo indica que ele aventurou-se a subir em uma escada lateral, situada no 29º vagão, mas acabou se desequilibrando e caiu sobre os trilhos. O corpo foi separado na altura do abdômen. Ambulância do Samu e guarnições de resgate e salvamento do Corpo de Bombeiros estiveram no local, mas nada puderam fazer, a não ser isolar a área para o trabalho da Perícia.
A locomotiva U20C-GE 3854, com a composição X44, estava acoplada a 32 vagões, dos quais 20 estavam carregados com farelo de soja e fosfato, enquanto outros 12 estavam vazios (inclusive o que atingiu o menino). Cada vagão tem cerca de 12 metros de comprimento, ou seja, entre a locomotiva e o ponto onde aconteceu o atropelamento de Eduardo havia uma distância de aproximadamente 435 metros, tornando impossível para o maquinista Massilon Borges visualizar o que aconteceu. O trem só parou no destino final, em Paulínia (SP).
Além disso, próximo ao local onde tudo aconteceu existe uma curva, e, a cerca de 500 metros, alguns funcionários da FCA trabalhavam na linha férrea. Com isso, a máquina estava com a velocidade bastante reduzida, em cerca de 10km/hora, o que certamente incentivou a criança a tentar subir no vagão.
O acidente chocou os moradores daquela região. A cerca onde deveria existir um alambrado de proteção teve o material furtado, tornando muito fácil o acesso de crianças até os trilhos.
O perito Juenes Paulo realizou o serviço de praxe no local e precisou ir até Paulínia para fotografar a locomotiva envolvida no acidente. Até o auxiliar de necropsia Geraldo Reis Barbosa, acostumado a lidar com situações difíceis, se emocionou com a morte de Eduardo e providenciou o transporte do corpo para o Instituto Médico Legal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário