terça-feira, 28 de outubro de 2008

Criança morre ao pegar carona em trem

JM ONLINE
Por Hedi Lamar Marques


Brincadeira com locomotiva terminou em morte ontem de manhã nas proximidades do bairro Valim de Melo. O estudante Eduardo Muniz da Silva, de apenas oito anos de idade, foi atropelado por um trem da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA).

A vítima, que morava na rua Cianorte, 515, passava o dia na residência de uma tia, situada na rua Dom Almir Marques, bem próximo ao local do acidente. Eduardo se encontrava na companhia de um primo de 12 anos. A princípio, o garoto mais velho forneceu informações contraditórias, chegando a afirmar que a criança teria sido jogada. Depois, em conversa com uma conselheira tutelar, ele acabou contando a verdade.

Segundo o menor, Eduardo tentou pegar carona no trem, a chamada "beirinha", entre os quilômetros 470 e 471 da linha. Tudo indica que ele aventurou-se a subir em uma escada lateral, situada no 29º vagão, mas acabou se desequilibrando e caiu sobre os trilhos. O corpo foi separado na altura do abdômen. Ambulância do Samu e guarnições de resgate e salvamento do Corpo de Bombeiros estiveram no local, mas nada puderam fazer, a não ser isolar a área para o trabalho da Perícia.

A locomotiva U20C-GE 3854, com a composição X44, estava acoplada a 32 vagões, dos quais 20 estavam carregados com farelo de soja e fosfato, enquanto outros 12 estavam vazios (inclusive o que atingiu o menino). Cada vagão tem cerca de 12 metros de comprimento, ou seja, entre a locomotiva e o ponto onde aconteceu o atropelamento de Eduardo havia uma distância de aproximadamente 435 metros, tornando impossível para o maquinista Massilon Borges visualizar o que aconteceu. O trem só parou no destino final, em Paulínia (SP).

Além disso, próximo ao local onde tudo aconteceu existe uma curva, e, a cerca de 500 metros, alguns funcionários da FCA trabalhavam na linha férrea. Com isso, a máquina estava com a velocidade bastante reduzida, em cerca de 10km/hora, o que certamente incentivou a criança a tentar subir no vagão.

O acidente chocou os moradores daquela região. A cerca onde deveria existir um alambrado de proteção teve o material furtado, tornando muito fácil o acesso de crianças até os trilhos.

O perito Juenes Paulo realizou o serviço de praxe no local e precisou ir até Paulínia para fotografar a locomotiva envolvida no acidente. Até o auxiliar de necropsia Geraldo Reis Barbosa, acostumado a lidar com situações difíceis, se emocionou com a morte de Eduardo e providenciou o transporte do corpo para o Instituto Médico Legal.

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