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Uma parte dos mais de 127 milhões de eleitores do país deve anular o voto neste domingo por falta de confiança nos políticos. Mas uma moradora de Itamarati de Minas, na Zona da Mata, tem fé na democracia e acredita que um voto pode fazer a diferença. Mesmo sem ser obrigada a votar, conforme prevê legislação para pessoas acima dos 70 anos, a aposentada Cecília Rodrigues Ferraz não abre mão de escolher o futuro prefeito do município. Aos 102 anos, ela deixará sua casa e será conduzida de carro pela família até a seção 175, da 79ª Zona Eleitoral.
“Sim, o voto pode transformar a realidade”, resume dona Cecília, que exibe com orgulho o título eleitoral número 275143202/30, o mais respeitado do município. A matriarca das famílias Rodrigues e Ferraz escolheu um prefeito, pela primeira vez, em 23 de novembro de 1947. Na época, Itamarati de Minas ainda era distrito de Cataguases e o filho concorria a uma vaga na Câmara. A aposentada tomou gosto pela política e nunca mais deixou de votar. “Enquanto eu tiver vida, vou participar”, avisa.
Mais interessada no futuro, ela não se recorda de momentos marcantes dos antigos pleitos em sua terra natal, apenas que a disputa atual está “muito animada e concorrida”. A modernidade, no entanto, trouxe um novo desafio para Cecília. Para ela, era mais fácil votar na antiga cédula de papel. A urna eletrônica, apesar de todos os benefícios, evitando fraudes e proporcionando uma rápida apuração, não agradou à anciã. “Ficou mais complicado votar nesta máquina. Não me adaptei bem”, disse.
Assinante do Estado de Minas, a aposentada acompanha diariamente a política pelo jornal. A leitura é um dos seus principais hábitos do cotidiano. Entre os dois concorrentes à Prefeitura de Itamarati de Minas, José Américo Ferraz (PDT) e Herivelto Zanela (PR), Cecília tem o preferido. “Admiro o meu candidato, mas, como não posso dar nada para ele, dou o meu voto”, disse ela, ressaltando que exerce o direito de escolha com prazer e amor.
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