segunda-feira, 7 de abril de 2008

BH - Rapaz fica 50 dias preso por engano


Portal UAI
Jefferson Batista Pires, de 28 anos, trabalha desde os 15 anos, nunca roubou, nunca matou, mas está com medo de sair de casa porque pode ser preso a qualquer momento. Um erro da Justiça fez com que passasse 50 dias detido, por engano, no lugar de outro Jeferson, integrante de uma quadrilha especializada em roubo de carga, que se passa pelo rapaz para não ser incomodado. Atualmente preso no estado do Rio de Janeiro, o criminoso falsificou documento com dados pessoais do jovem de Belo Horizonte – como nome dos pais, ano de nascimento e número do RG.
Foi grande a surpresa do verdadeiro Jefferson (que tem dois efes no nome e assina Pires, não Peres, como o assaltante), ao tentar tirar um atestado de bons antecedentes no posto Psiu, da Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, em dezembro: soube que havia um mandado de prisão em seu nome. Daí, foram nove dias encarcerado no Ceresp São Cristóvão, na Lagoinha, na Região Noroeste da capital, e mais 41 dias preso na cadeia pública de Viçosa, na Zona da Mata. Só 50 dias depois o juiz foi informado do erro e mandou soltá-lo.
Mas o drama do rapaz não acabou. Segundo o advogado, seu nome está em pelo menos outros 15 processos e inquéritos em municípios da Zona da Mata, como Miraí, Ponte Nova, Rio Pomba, Além Paraíba e Ubá. Isso significa que, a qualquer momento, juízes dessas cidades podem pedir sua prisão. “Somos pobres e o mínimo que a gente tem que ter é o nome limpo para poder trabalhar. Não sou bandido. Eles estão acusando meu nome, não minha pessoa”, disse Jefferson, finalmente em casa, mas sem saber como resolver o problema. A família ainda deve metade dos R$ 3 mil cobrados pelo advogado, que viajou a Viçosa e Rio Pomba para mostrar aos Juízes a fotografia do Jeferson criminoso, fornecida por policiais da Divisão de Crimes Contra o Patrimônio, da Polícia Civil. O mesmo advogado cobra mais R$ 15 mil para defender o jovem nos municípios onde tem o nome envolvido em delitos praticados por outro.

Entre 2003 e 2006, enquanto o criminoso homônimo vivia um círculo vicioso – alternando assaltos, prisões em flagrante, volta às ruas e assaltos em Minas, Espírito Santo e Rio de Janeiro –, Jefferson trabalhava montando bicicletas ergométricas, servindo como ajudante de produção, ou descarregando caminhões de refrigerante. Desempregado desde 2007, começaria em um novo emprego em uma empresa de manutenção de ar-condicionado, em dezembro. Faltava-lhe apenas o atestado de bons antecedentes para assinar o contrato, mas os 50 dias de prisão fizeram com que o patrão procurasse outro funcionário.

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